Mina de denúncias
Prefeito de Nova Lima, Carlos Rodrigues, tem gestão recheada de supostas irregularidades envolvendo desvio de dinheiro público, nepotismo, superfaturamento de obras, e por aí vai. sua última estripulia, foi a tentativa de doar um terreno avaliado em 70 milhões de reais para uma empresa particular
Texto: Janaína Oliveira | Fotos: Alexandre C. Mota
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Mergulhada em denúncias de irregularidades, que incluem desvio de dinheiro público, dispensa indevida de licitação, nepotismo, superfaturamento de obras e até recebimento de propina, a gestão do prefeito de Nova Lima, Carlos Roberto Rodrigues (PT), o professor Carlinhos, não deixará saudade. Desde 2005 à frente da administração municipal, que só em royalties recebe mais de 30 milhões de reais por mês, o político tornou-se alvo de investigação dos mais importantes órgãos de combate à corrupção no país – Ministério Público Estadual, Ministério Público Federal e Polícia Federal. Carlinhos também ficou conhecido por fazer caridade com o chapéu alheio, sendo o campeão de doações de terrenos de propriedade do município para empresas privadas e construtoras, o que acabou lhe rendendo ação na Justiça por improbidade administrativa.
O pedido de afastamento, feito pelos promotores Ivana Andrade, da Promotoria de Defesa do Patrimônio Público de Nova Lima, e Daniel Sá Rodrigues, do Grupo Especial do Patrimônio Público (Gepp), visa dar fim à farra de cortesias e evitar que, no cargo, Carlinhos atrapalhe as investigações. Sua última tentativa de doar uma área do município, em meados de julho deste ano, só foi impedida momentos antes de o projeto de lei ir à votação em reunião extraordinária na Câmara de Vereadores. Ciente da intenção do prefeito de transferir para a desconhecida Aliar Aircrane Serviço Aéreo Ltda um terreno de 360 mil metros quadrados na região do Alphaville, num espaço equivalente a 50 campos de futebol, a promotora conseguiu a suspensão da tramitação do projeto, evitando, aos 48 minutos do segundo tempo, que mais uma empresa privada fosse presenteada com bens públicos.
Analisando os números e os objetivos da transação, o caso parece ainda mais assombroso. O laudo de avaliação apresentado por Carlos Roberto Rodrigues e anexado ao projeto de lei aponta que o valor do terreno é de 45 milhões de reais. A quantia, porém, foi considerada muito abaixo do mercado pelos promotores. Corretores imobiliários afirmam que a área gigantesca, às margens da BR–040, vale pelo menos 70 milhões de reais, praticamente o dobro. “Estamos analisando as observações da promotoria. Vamos consultar avaliadores externos e tentar adequar os termos, se necessário, para então mandarmos o projeto de volta”, afirma o prefeito.
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